Quinta, 04 de Setembro de 2025
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) lançou uma campanha nacional para pressionar pela inclusão de medicamentos para o tratamento da obesidade no Sistema Único de Saúde (SUS). O movimento conta com o apoio de diversas entidades médicas, incluindo a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade (Abeso), a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
A Sbem informou, em nota, que a campanha visa mobilizar a sociedade, sensibilizar as autoridades e pressionar por políticas públicas que garantam o acesso ao tratamento adequado para obesidade, principalmente o medicamentoso, na rede pública. A entidade ressalta que a obesidade, reconhecida pela OMS como doença crônica multifatorial, é uma das únicas sem tratamento medicamentoso incorporado ao SUS.
“Enquanto pacientes com hipertensão, diabetes, asma ou dislipidemia têm acesso gratuito a medicamentos, aqueles que vivem com obesidade permanecem sem qualquer alternativa terapêutica na rede pública”, destacou a Sbem.
A entidade destaca que nenhum fármaco para perda de peso foi incorporado ao SUS até o momento, incluindo os agonistas GLP-1, conhecidos como canetas emagrecedoras.
“Nos últimos cinco anos, quatro medicamentos para o tratamento da obesidade foram submetidos à análise da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) e tiveram sua incorporação negada: orlistate, sibutramina, liraglutida e semaglutida.”
Dados do Atlas Mundial da Obesidade 2025, da Federação Mundial da Obesidade (WOF), indicam que 31% dos adultos brasileiros têm obesidade, enquanto 68% têm sobrepeso. As projeções indicam que, se nada for feito, até 2044 quase metade da população adulta brasileira (48%) estará obesa.
O relatório revela que mais de 60 mil mortes prematuras no Brasil são atribuíveis ao sobrepeso e à obesidade, devido à sua associação com doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes tipo 2 e acidente vascular cerebral (AVC).
“Além do impacto humano, o problema traz custos expressivos para o sistema de saúde”, destacou a Sbem, citando estimativas de um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O estudo aponta que, entre 2021 e 2030, os custos diretos ao SUS com doenças associadas à obesidade podem atingir US$ 1,8 bilhão, enquanto as perdas indiretas, como anos de vida produtiva, podem chegar a US$ 20 bilhões.